sábado, 16 de abril de 2011

Mas... E a produção que não é científica


Recentemente, uma pesquisa sobre o aumento do índice de produção científica no Brasil foi veiculada em diversos canais de comunicação.

Essa pesquisa, divulgada inicialmente no relatório “Conhecimento, redes e nações: colaboração científica global no século 21” da Royal Society aponta que a cidade de São Paulo subiu do 38º para o 17º lugar no ranking de publicações científicas no mundo.

De acordo com a literatura especializada, tal produção científica trata-se da 
medida do volume de livros, capítulos de livros, artigos de periódicos e outras modalidades de publicações impressas, digitais ou eletrônicas, contendo os resultados da pesquisa científica de autores, instituições, regiões países ou áreas temáticas
excluindo desta forma, a produção que consideraremos para o levantamento deste trabalho.

Tais informações servem para nos levarmos à reflexão do quão é difícil inserir-se no circuito oficializado pela academia dita de elite. O indivíduo que expõe sua pesquisa em sarais, palestras e apresentações em centros comunitários como citamos no post anterior, são considerados agentes culturais, mas não podem ser descritos como agentes produtores de ciência.

Essa discussão envolve diversos aspectos mais amplos a serem também considerados. Entretanto, já nos serve de mote para pensarmos na importância do que é produzido na periferia para a melhoria e incentivo à educação onde o sistema governamental é falho...

E você? O que acha disso?


Folha.com: São Paulo sobe 21 posições em ranking de produção científica. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/bbc/895422-sao-paulo-sobe-21-posicoes-em-ranking-de-producao-cientifica.shtml>. Acesso em: 15 abril 2011.


LARA, Marilda Lopes Ginez (org.). Glossário. In: POBLACIÓN, Dinah Aguiar; WITTER, Geraldina Porto; SILVA, José Fernando Modesto da (org.). Comunicação e produção científica: contexto, indicadores e avaliação. São Paulo, SP: Angellara, 2006. p. 387-414.

5 comentários:

  1. Acho um tanto ingênuo esperar que os "grandes da academia" reconheçam as produções apresentadas nos saraus, palestras ou centros comunitários.
    Afinal, quem definiu as políticas para alcançar o status de cientista foi a elite.

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  2. Olá Eva! Acredito que se nós passarmos a considerar já muda um bocado a visão que se tem sobre o assunto. E creio ainda que essa "consideração" é um incentivo bastante grande para quem está tentando mostrar algo.
    Obrigada por sua contribuição!

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  3. Existem nichos para todo tipo de produção, cabem aos produtores divulgarem seus trabalhos, independente de raça, sexo ou classe social. O aumento da produção científica no Brasil é louvável, afinal esse é o intuito maior das universidades e faculdades espalhadas pelo Brasil. Problemas, barreiras, pessoas má intencionadas e "politicagem" sempre existirão, cabe a cada um correr atrás e lutar pelo seu espaço. A idéia de separação entre elite ou não elite gera uma pré-disposição de que quem não pertence a essa classe, estará fadado ao fracasso, ou nunca conseguirá fazer a diferença.

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  4. A discussão do texto dá ensejo a discutir o critério com o qual se pode definir "produção científica": aquela que contribui para o avanço do conhecimento e melhoria das condições de vida ou aquela que, independentemente de sua finalidade, está localizada dentro da academia? O que importa afinal: conteúdo ou forma?
    A resposta ajuizada me parece óbvia. Porém, a Academia, como todo establishment, tende a reforçar ritualmente seu próprio corpus com uma burocracia específica. O conhecimento é universal, mas o reconhecimento infelizmente não o é.

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  5. É verdade que percebemos as diferenças por meio da observação, indagações e trocas de idéias. Entretanto, já que conhecemos esse "fosso" cultural, já estamos aptos a passar para a segunda fase: tentar fazer algo mais além dos discursos.

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