quarta-feira, 18 de maio de 2011

O negro periférico e cientista!


Uma questão muito importante sobre a produção científica é o tema da inclusão social. Nas periferias o acesso aos recursos básicos já é muito difícil, o que dizer então do acesso a um ensino de qualidade, a bibliotecas, enfim ambientes em que a cultura é valorizada e estimulada.

Grande parcela desta população periférica é constituída por afro-descendentes, que vivem a margem da sociedade. Estas pessoas têm o acesso ainda mais reduzido a educação básica e a possibilidade de inserção nas grandes universidades.



Então o tema das cotas vem a tona. O programa de cotas, de acordo com Rabelo, destina 20% das vagas em universidades públicas a pessoas afro-descendentes. Este assunto gera polêmica, muitos são os prós e contra.

O ator e apresentador do Globo Ciência Alexandre Henderson, em uma entrevista a revista Raça defende as cotas, pois segundo ele: “é preciso trazer a população, sobretudo negra, para as universidades e centros de pesquisa. Por isso eu defendo as cotas”. Alexandre apresenta um programa que trata da pesquisa científica com uma abordagem jovem e dinâmica, e têm orgulho de estar no comando do programa a 5 anos.

Já o jornalista Gilberto Dimenstein, também em entrevista a revista Raça, é favorável às cotas, porém, que estas incluam os alunos advindos das escolas públicas, e que dentro desta cota haja um lugar especial para os alunos negros. E complementa “as cotas tem que ser um compromisso com o desempenho [...] Só a cota e a pessoa não estudar direito, não se comprometer, acho um paternalismo”. Gilberto também aponta que antes mesmo das cotas, o investimento deveria ser feito nas escolas públicas: “se você quer que o negro progrida na sociedade, lhe dê melhor escola pública”.

O Brasil é um país composto por pessoas de diversas nacionalidades, por ser multicultural têm-se a impressão de aceitar a todos sem discriminação ou preconceito, o que sabemos não ser verdade. Nosso país possui um tipo de preconceito enraizado e disfarçado, que pode ser considerado ainda pior, pois fica encoberto e trancado em um armário.

A população negra deve estar mais presente no desenvolvimento do nosso país, sua inclusão em projetos culturais, nos centros de pesquisa, no mercado de trabalho é essencial para que haja mais igualdade no Brasil.

Por isso é tão importante discutir estas questões, mesmo que não haja uma solução definitiva. Só o fato de ser conversado e mostrado, ajuda no esclarecimento e conscientização de todos.

E você? O que acha das questões de cotas para negros nas universidades? E qual a importância delas na inclusão do negro na produção científica?


Bibliografia consultada:

BRAGA, Brunno. A inclusão científica pela educação. Raça Brasil, São Paulo, ano XV , n. 153, p.34-41, abr. 2011. Disponível em: <
http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/153/artigo213010-1.asp>. Acesso em: 16 maio 2011.

MAIO, Alexandre de. A educação é o grande movimento abolicionista contemporâneo. Raça Brasil, São Paulo, ano XV , n. 153, p.62-65, abr. 2011. Disponível em:
<
http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/153/artigo213108-1.asp>. Acesso em: 16 maio 2011.

RABELO, Camila. Cotas na pauta do Congresso. Brasília: SECOM, 2006. Disponível em: <
http://www.secom.unb.br/unbagencia/ag0406-62.htm>. Acesso em: 16 maio 2011.

6 comentários:

  1. Muito boa a abordagem de temas muito difíceis/polêmicos como as cotas e o preconceito no Brasil. Na minha opinião, deve-se melhorar a escola pública onde apartir daí todos terão as mesmas condições sejam negros, brancos, amarelos, vermelhos, etc. As cotas são uma medida paliativa, pois com uma escola pública melhor e sem paternalismos para populações de determinadas raças só serão recompensados os mais capazes, e quem ganha com isso é só o Brasil, o Brasil dos melhores alunos (e futuramente profissionais) e de todas as raças.

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  2. Não concordo com as cotas através de classificação étnica,que nada mais é do que o reconhecimento da discriminação. Na minha opinião a inclusão educacional acontecerá a partir do momento em que houver uma melhor distribuição de renda a todo o cidadão. Assim haverá uma escolha espontânea de onde se quer estudar, e como se quer estudar, através de investimento próprio e não como doação paternalista do estado.

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  3. Meninas,

    Muito boa essa interação entre os Blogs, principalmente os temas, que um colabora com o outro. Tive várias colaborações e incentivos dos colegas no blog Leituras.com. Os Posts, as várias notícias e insites que ouvimos ou lemos nos rementem aos temas dos Blogs ocasionando o compartilhamento do conhecimento.
    Quanto ao Post e a discussão que se estende nos comentários, me faz refletir sobre o que acredito e defendo, porque somente com uma reestruturação nas políticas publicas referente a educação de base é que conseguiremos iniciar uma discussão quanto as vagas nas universidades para as pessoas diferenciadas.
    A formação intelectual da criança depende da família, escola e meio em que vive, as mudanças que devem ocorrer na educação são inúmeras. Devemos participar de tudo isso através do nosso voto.

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  4. Há uma dívida histórica de nossa sociedade com a população negra. As políticas afirmativas, como as cotas, são indispensáveis para a resolução do problema do racismo, ainda muito vivo em nosso meio. Porém ainda é uma ferramenta paliativa. A luta maior deve ser para que progressivamente se amplie as vagas no ensino superior, público e de qualidade, diminuindo a barreira que impede os pobres de ter acesso à produção de conhecimento. Para isso é preciso sempre exigir mais verbas dos governos para a educação. A bandeira de 10% do PIB destinado a educação precisa ser asteada por todos aqueles que querem um Brasil mais justo.

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  5. Num mundo ideal (e numa Constituição, não sei se do Brasil...) as oportunidades deveriam ser iguais para todos, mas lembrando Caetano também existem na periferia os "quase brancos, quase pretos de tão pobres" e também tem os brancos que se auto declaram pretos, tirando o direito de quem tem direito, e ai eu lembro do meu querido Machado na Igreja do Diabo: "É a eterna contradição humana".Como faz então? Não sei mas acredito que as cotas ainda são uma pequena e insuficiente porta para a tentativa de igualdade de oportunidades. Parabéns pela abordagem!

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  6. Sou contra as cotas étnicas. Embora a maioria das pessoas sem condições econômicas sejam negras, existem também brancos, pardos, amarelos que sofrem da mesma maneira para entrar em uma universidade.
    O que deve ocorrer é uma reforma na educação para que cotas não sejam necessárias. Como esse é um fato que demorará anos para chegar ao ideal uma maneira de "compensar" seria distribuir cotas de acordo com as condições financeiras.
    Ótimo post Melissa!

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